terça-feira, 31 de agosto de 2010





Acreditar no amor


Chegamos à vida sem tê-lo pedido. Cada um se encontra com uma realidade, não sempre agradável, nem fácil de levar: um país, uma cultura, uma família com umas características, uma identidade, e um projecto de vida pela frente.
Uns antes, outros depois, somos tocados pelo sofrimento, seja físico ou moral.
Apresenta-se de forma imprevista, tem mil rostos diferentes: uma amizade traída, uma doença dolorosa, um fracasso profissional, o próprio carácter difícil de ultrapassar… Mas não há sofrimento suficientemente grande que consiga arrancar do coração humano o desejo infinito de ser felizes. Por isso, cada dia empreende-se a aventura da vida com a esperança de alcançar um pequeno triunfo.
Somos seres para triunfar. E ainda que experimentemos frequentemente o sabor amargo da derrota, o ser humano ambiciona ganhar. O triunfo é a meta das acções humanas.
Milionários afamados, modelos de beleza, há muitos, e parece ser que cada vez são mais, mas, são todos felizes? Os seus olhares revelam muitas vezes frieza. Se triunfaram, porque é que só sorriem quando os vêm, e na solidão guardam silêncio e evitam o seu próprio olhar?
Conquistaram triunfos vistosos: a fama, o poder, o dinheiro… Mas essas coisas, assim como são vistosas, também deixam vazia a vida, e a alma seca. Isso é tudo na vida?
Se estamos feitos para triunfar, qual é realmente o Triunfo, com maiúsculas, que todos ambicionamos? A felicidade é a recompensa esperada, e o caminho que a ela conduz é o mesmo para todos: aprender a amar e ser amados.
Não busquemos três patas ao gato. Caminhos há muitos, mas só um nos faz felizes. O amor, fundamentalmente, exercita-se quando se luta para que seja o outro quem triunfa. Então… também ganho eu. No esquema oposto a qualquer dialéctica barata. Ganhamos ambos, se eu te ajudo a ganhar, inclusive mais e melhor que eu.
A nossa sociedade necessita recuperar a fé no amor. De tanto vendermos uniões passageiras, divórcio, a eliminação do que estorva, a sexualidade fechada à vida, o prazer como meta da existência, a violência como meio de imposição… os homens e mulheres do nosso tempo estão a deixar de acreditar que o amor existe, que a fidelidade é possível, que ganha mais quem mais ama.
Triunfa-se na vida quando se ama. Temos que acreditar no amor para não morrermos de tristeza. Todos temos asas de águia para voar muito alto, ainda que nos façam crer que somos galinhas de capoeira. O voo empreende-se quando se aposta no bem do outro.
Não são necessários actos heróicos, mas sim tornar heróico o quotidiano, concretamente amando. Ceder um assento no autocarro a alguém mais cansado que eu, sorrir ao dar os bons dias cada manhã no escritório, escutar com atenção quem me conta os seus problemas, convidar para um café a quem tem frio, ou oferecer com agrado o próprio tempo aos seres queridos, para fazer… o que eles quiserem.
Amar não é complicado. Está ao alcance de todos. Os meios de comunicação não falam de toda a realidade, mas existe muito amor no mundo, ainda que não se venda como noticia sensacionalista. Há casais apaixonados depois de 60 anos juntos, homens que apoiam a sua mulher na sua busca de um bom trabalho profissional, mulheres que elogiam o seu marido quando educa os seus filhos, e filhos que se levantam mais cedo para que os seus pais encontrem o pequeno-almoço preparado.
Às vezes, só é necessário que um comece, para que os demais deixem de viver o esquema de “eu ganho se tu perdes”, e se decidam a escolher o “eu ganho só se tu ganhas”. Quando se ama, ganha-se sempre e ganham todos.
Pode ser que amar não seja rentável economicamente, que produza desgaste físico e emocional, que complique a vida e nos tire tempo, mas dá paz de consciência, faz-nos felizes, permite-nos viver num estado habitual de optimismo, desenha um sorriso sincero nos nossos lábios e ilumina o olhar com um brilho novo.
Um ditado hindu reza: “Tudo o que não se dá, perde-se”. Triunfa na vida, quem derrota o eu, para que ganhe o tu. Triunfa na vida, quem crê no amor, e se atreve a vivê-lo, com todas as suas consequências.


Autor: Nieves García
Tradução, para a Aldeia, de Tânia Santana

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Reflexão do dia

FAMÍLIA



Família.
Família...
Todos temos,
Dela viemos.
Nela nascemos...
Então crescemos.


Para uns,
a família é só o pai,
para outros, só a mãe,
muitos só têm o avô...
Mas é família:
sinônimo de calor!


Tem família
que é completa,
repleta,
discreta,
seleta,
aberta...


Outra,é engraçada,
atiçada, afinada,
engrenada,esforçada,
empenhada...


Mas tem família
complicada,indelicada,
desajustada,desacertada,
debilitada...


Família...
Família é assim:
lá não temos capa
- nada nos escapa!
Máscaras, como usar?

Não, não dá prá enganar!
Às vezes queremos fingir,
mas isto é apenas mentir...


E, é lá dentro de casa
que surge, cresce, aparece,
o lobo voraz, o urso mordaz,
elefantes ferozes,
(com trombas e tudo)
leões velozes com unhas e dentes
inclementes...


Família...
Família é lugar
onde convivem os diferentes:
um é risonho, outro tristonho;
um é exibido, outro inibido;
um é calado, outro exagerado;
um é cabeludo, outro testudo;
um é penteado, outro descabelado...



Família...
Família é assim:
nunca é possível contentar,
pois onde há diferenças,
haverá desavenças.
como a todos agradar?


Mas entre todos os valores
Cultivados entre nós
Há algo como uma voz
Muito enfática a dizer:
“Cultive a educação,
faça lazer, haja afeição;
dê carinho, tudo aos seus!
Mas o maior valor
– maior até que o amor –
é cultivar Deus!”



Noélio Duarte

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reflexão do dia


"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo."

Paulo Freire

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Escola: espaço de cultura e formação - Fátima Camargo

Vive-se, hoje, um momento bastante diverso e não menos difícil.Não há mais um porto seguro nem verdades que nos sustentem. O futuro é incerto, e o presente se mostra, em função de todas as mudanças e na velocidade em que se apresentam, quase invariavelmente, como um grande desafio a ser enfrentado, para o qual nem sempre dispomos dos recursos necessários.

Neste contexto, múltiplo, conflituoso e incerto, inscreve-se a escola, e não são poucos os constrangimentos enfrentados pelos educadores no cotidiano das instituições de ensino.
A realidade com a qual se defrontam os educadores se manifesta terrivelmente adversa e contrária a tudo o que foi dito e ensinado na formação inicial. Freqüente-mente, o educador se sente perdido e jogado à própria sorte, tendo que encontrar, por sua conta e risco, as saídas possíveis. O contato travado com a realidade produz a oferta de outros modelos e abala crenças antes defendidas. No momento atual, a realidade das práticas e do universo do ensino ganha matizes inusitados.
Os educadores sentem-se traídos pela sorte e pelas promessas da formação. O inconsciente coletivo da categoria ainda espera por um aluno ideal, atencioso, estudioso, disposto a responder com presteza às solicitações do professor e a comprometer-se integralmente com os deveres, aos quais a condição discente o obriga. Diante desse aluno, seria possível aos educadores verem cumprido, a contento, o seu papel, este ainda não totalmente liberto do perfil missionário de décadas atrás, por terem constituído primeiro o bom aluno e, na seqüência, o bom cidadão, correspondendo, através de sua atuação docente, aos ideais redentores da escola.
Por outro lado, o lugar de autoridade inconteste, anteriormente ocupado pelo educador e legitimado pela sociedade e pela família, se relacionava não só ao domínio que este possuía sobre o conhecimento, mas à situação diferenciada em que se encontrava em relação ao aluno. Ele não era igual ao aluno, em nada. Dele, diferenciava-se pela postura assumida, pelas experiências acumuladas, pelo padrão e pela diversidade das referências culturais com as quais chegava à sala de aula, pela linguagem que utilizava, tanto quanto pelo conhecimento do qual era portador.
Em função das muitas variáveis históricas que pontuaram a trajetória da educação e, de roldão, a de seus agentes, justificada, sobretudo, pelo processo de proletarização crescente vivido pelo professor, a autoridade inconteste, também simbólica, deixou de existir.
Sem a intenção de produzir indevidas generalizações cremos que o professor hoje, em larga medida, confunde-se com o aluno e compartilha com ele da mesma cultura disseminada em âmbito mundial: a de massas. Possui os mesmos gostos e preferências e fala a mesma linguagem de jargões, não necessariamente por gostar dela, antes, talvez, por considerá-la instrumento de aproximação com o grupo de alunos. Assiste aos mesmos programas de TV e aos mesmos e poucos filmes, invariavelmente, aventuras hollywoodianas. Lê pouco, quase nada, um ou outro best seller. São pouco freqüentes suas idas a exposições e a museus e possui restrito repertório musical. O modelo que deveria ser oferecido pelo educador, diferenciado dos usuais, com os quais os alunos estão familiarizados e que já não lhes ensinam mais nada, deixou de existir.
Desta feita, a barbárie, a "terrível sombra de nossa existência", assim nomeada e descrita por Adorno, caracterizada como o contrário da formação cultural, através da banalização dos valores, da disseminação dos tabus e preconceitos, e da opressão e desumanização do homem, instala-se e atinge também o profissional da educação. Combatê-la implica na "desbarbarização das pessoas", e essa é uma tarefa a ser realizada pela escola e pelo conjunto dos educadores, através da desconstrução dos estereótipos que minam o cotidiano e do compromisso com a valorização e ressignificação da cultura, a fim de que seja possível revitalizar o espaço escolar.
Neste sentido, é tarefa da formação contínua pensar a escola como instituição cultural e considerar o currículo de formação do educador para além dos limites da reflexão sobre estratégias didático metodoló-gicas de aplicabilidade imediata no âmbito da sala de aula.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Somos eternos aprendizes

EU APRENDI

que a melhor sala de aula do mundo
está aos pés de uma pessoa mais velha;

EU APRENDI

que ter uma criança adormecida nos braços
é um dos momentos mais pacíficos do mundo
que ser gentil é mais importante do que estar certo;
que nunca se deve negar um presente a uma criança;
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém
quando não tenho a força para ajudá-lo
de alguma outra forma;
que não importa quanta seriedade a vida exija de você,
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão
para se divertir junto;
que algumas vezes tudo o que precisamos
é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;


EU APRENDI

que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão
nas noites de verão quando eu era criança
fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;
que deveríamos ser gratos a Deus
por não nos dar tudo que lhe pedimos;
que dinheiro não compra "classe";
que são os pequenos acontecimentos diários
que tornam a vida espetacular;
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa
que deseja ser apreciada, compreendida e amada;
que Deus não fez tudo num só dia;
o que me faz pensar que eu possa?

EU APRENDI

que ignorar os fatos não os altera;
que quando você planeja se nivelar com alguém,
apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você;
que é o AMOR, e não o TEMPO,
que cura todas as feridas;
que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa
é me cercar de gente mais inteligente do que eu;
que cada pessoa que a gente conhece
deve ser saudada com um sorriso;
que ninguém é perfeito até que você
se apaixone por essa pessoa;

EU APRENDI

que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
que as oportunidades nunca são perdidas;
alguém vai aproveitar as que você perdeu.
que quando o ancoradouro se torna amargo
a felicidade vai aportar em outro lugar;
que devemos sempre ter palavras doces e gentis
pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;
que um sorriso é a maneira mais barata
de melhorar sua aparência;
que não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito;
que todos querem viver no topo da montanha,
mas toda felicidade e crescimento ocorre
quando você esta escalando-a;
que só se deve dar conselho em duas ocasiões:
quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;


EU APRENDI

Que quanto menos tempo tenho,
mais coisas consigo fazer.

William Shakespeare